quarta-feira, 23 de junho de 2010

Se um dia a Seleção Brasileira de Futebol aprender a marcar, nos tornaremos os melhores do mundo!

Quem assiste os jogos da Seleção brasileira e os compara com os jogos de outras grande Seleções percebe, se bom observador, entre outras diferenças a que eu considero mais importante. Não se trata de qualidade técnica, nem de jogadores conhecidos no mundo inteiro, nem de salários milionários em campo, nada disso. Falo sobre a vontade de estar com a bola no pé, quando ela não está no nosso pé.
É fato! Pare para observar a forma como o time brasileiro observa o adversário tocar a bola até a intermediária, até que o mesmo cometa um ERRO e passe a bola para nossos pés, e comecemos novamente, lá de trás, em tempo suficiente para todo o time adversário se recompor. O resto você já sabe, toque para lá, toque para cá, um recuo ali, um chutão para frente.
Existe um ditado popular que diz :

"A melhor defesa é o ataque"

Em outras palavras seria dizer que para garantir mesmo que não vai perder, é melhor garantir que vai ganhar, ou seja, ser um time ofensivo, partir para cima dos adversários. Com pedaladas ilusionistas de Robinho, ou fantásticas arrancadas de Ricardo Izecson dos Santos Leite, para quem não conhece, o nosso Kaká.
Eu queria modificar um pouco esse ditado para que a nossa Seleção nos dê mais orgulho e alegria. Seria algo como:

"Um melhor ataque se consegue com uma boa defesa"

Explico o porquê.

A Seleção Brasileira sempre encontra dificuldades em ganhar de uma Seleção que joga na retranca, como se costuma dizer no jargão do futebol. E em alguma situações não se trata de falta de criatividade, nem de falta de boas jogadas individuais. É que realmente é difícil conseguir penetrar no adversário quando apenas metade do campo está preenchido com 18, às vezes 20, 21 jogadores. Ficando do outro lado apenas o nosso solitário Júlio César, ou qualquer outro goleiro que seja. Quando digo que uma boa defesa aprimora um bom ataque, quero dizer que a Seleção Brasileira precisa aprender a jogar quando a bola está no pé do adversário. Será que o papel dos atacantes é apenas colocar a bola na rede, dar boas assistências*, driblar como ninguém, fazer lindas jogadas e colocar o "Uuuhhhh!" na boca da torcida? Na estratégia do ataque talvez sim. Agora pergunto, qual o papel desse mesmo sujeito na estratégia de defesa?

Eu como bom amante do futebol, mais da prática do que da observação, considero que na estratégia de defesa o papel do atacante é de dar o que chamo de PRIMEIRO COMBATE. O primeiro combate tem o objetivo de dificultar a saída de bola do adversário. Quando fazemos isso dentro de campo, passamos de meros observadores a influentes direto no erro do adversário. Forçamos o passe errado, roubamos a bola, mexemos com o psicológico do adversário. E agora "meu ditado" vai fazer sentido. Quando roubamos a bola ou forçamos um passe errado pegamos o adversário desprevenido, descuidado, desacautelado, desapercebido, descuidado. E nessa situação, "bem amigos", nossas possibilidades de sucesso aumentam e as de insucesso (digo: levar gol) ficam bem reduzidas. Nuestros hermanos argentinos sabem fazer isso muito bem, é só assistir a um jogo desta Seleção e observar. Outras grandes Seleções costumam jogar dessa forma, em alguns casos por faltar a tão almejada habilidade dos jogadores brasileiros. Nesse caso não lhe restam muitas alternativas e tem que ser dessa forma.

Estamos falando de futebol, mas não posso deixar de falar de Michael Jordan, o melhor jogador de basquete de todos os tempos, desafiando toda a estatística. Lembro-me bem dos playoffs Chicago Bulls x Utah Jazz, as últimas apresentações de Jordan antes de virar mito. Os comentaristas costumavam dizer que uma forma de saber se determinado jogador de basquete era bom, era deixar ele ser marcado por Jordan. Pouca gente sabe disso, mas além de tudo, Jordan era um dos melhores marcadores da NBA. Que sirva de exemplo para nossos craques do futebol.

Você, telespectador, já teve ter se sentido desconfortável em algumas situações devido à dificuldade do Brasil tomar a bola, e ouvido dos narradores e comentaristas: "Tá faltando pegada!". Eu costumo dizer que a marcação tá frouxa. Observe atento todo o lance do gol da Costa do Marfim. Alguém recebe a bola na linha de fundo, toca para outrem mais atrás. Observe todo o espaço que este tem para dominar, levantar a cabeça, enxergar o companheiro SEM MARCAÇÃO na grande área, e fazer o cruzamento. É disso que estou falando! Precisamos diminuir os espaços, querer mais a bola quando ela não está conosco.

Alguém pergunta, se é tão simples assim, por que a Seleção Brasileira não joga dessa forma? Bem, meu pai já tem a resposta dele: "A Seleção Brasileira sempre jogou assim e sempre ganhou. Nunca jogou marcando." Ele tem lá sua razão, mas nosso último confronto com a França na Copa de 2006 não foi lá tão agradável. Mas ainda é a melhor Seleção do mundo. Somos, e somente nós somos, pentacampeões. Fazer o quê? Contra fatos não há argumentos. Mas que poderíamos sofrer menos, ah! isso sim amigo, poderíamos.

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* Assistência, no basquete, é quando um passe resulta em cesta. No futebol seria equivalente a um passe para o gol.

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